A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, abre a sua 17ªedição, com Lara, de Jan-Ole Gerster e vai decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa, entre 29 de janeiro e 5 de fevereiro.
A edição de 2020 da KINO, organizada pelo Goethe-Institut Portugal, apresenta, na sessão de encerramento, Das Vorspiel, de Ina Weisse, e Ulrich Köhler é o cineasta homenageado este ano na secção Foco, com a apresentação de todas as suas longas-metragens, incluindo a mais recente Das freiwillige Jahr, em estreia nacional.
Segunda longa-metragem de Jan Ole Gerster – que se estreou na realização em 2013 com Oh Boy, com grande sucesso de público e crítica -, Lara (brilhantemente retratada por Corinna Harfouch) é uma mulher solitária e amargurada, temida e pouco amada, inclusive por ela própria. Partilha o talento artístico e uma pouco sã rivalidade com o filho que, precisamente no dia em que Lara celebra 60 anos, dá um concerto-chave para a sua carreira de pianista e compositor.
O filme de encerramento, Das Vorspiel, ecoa alguns dos temas do filme de abertura, Lara — a artista promissora que, por alguma razão, acabou por não ter a carreira musical que o talento fazia prever e cuja frustração coloca em risco as relações familiares – mas dando-lhes um tratamento distinto.
Ina Weisse coloca a tónica de Das Vorspiel no estudo meticuloso de uma personagem cujas inseguranças e perfeccionismo obsessivo se manifestam tanto nos mais pequenos detalhes da sua vida quotidiana, como nos gestos obsessivos que caracterizam os seus métodos docentes (Anna — uma soberba Nina Hoss — é professora de violino numa escola secundária especializada no ensino de música), bloqueando-a profissional e emocionalmente.
A secção Foco da 17.ª edição daKINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã dá a conhecer a obra completa de um dos mais destacados nomes da chamada Escola de Berlim, Ulrich Köhler, incluindo o seu filme mais recente, Das freiwillige Jahr, estreado no Festival de Locarno e que abre a secção.
Tal como o filme de abertura, Lara, também a mais recente obra de Köhler aborda a questão das ambições de um pai para com a sua filha e as consequências que isto tem para a relação entre ambos.
Köhler pertence a uma geração que deu nova vida ao cinema alemão, após quase uma década de estagnação nos anos noventa; o grupo, reunindo cineastas de estilos, formações e proveniências diversas, como Maren Ade, Christian Petzold, Angela Schanelec ou Valeska Grisebach, ficou conhecido pela crítica alemã como Escola de Berlim.
As personagens de Köhler são frequentemente desprovidas de propósito, buscam um lugar no mundo e, ao mesmo tempo, procuram romper com o quotidiano ordenado de uma sociedade capitalista que, meio século após o fim da Segunda Guerra Mundial, parece satisfeita com o seu conforto.
Desde a sua primeira longa-metragem (Bungalow, 2002) que o cinema de Köhler foi caracterizado como “incursão da realidade no cinema alemão”; o seu segundo filme, Montag kommen die Fenster (2006), tal como Bungalow volta a ser apresentado numa das secções paralelas da Berlinale. Com Schlafkrankheit (2011), Köhler faz a sua entrada na competição de Berlim, vencendo o Urso de Prata para a melhor Realização. In my Room, estreado na secção Un certain regard no Festival de Cannes 2018, é o primeiro filme com estreia em sala em Portugal.
Entre ficção e documentário, a 17.ª edição da KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã exibe alguns dos filmes da Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo que mais se destacaram no último ano, dos quais oito são primeiras obras.
A seleção, assegurada por Corinna Lawrenz, responsável pela programação de cinema do Goethe-Institut de Lisboa, e por Carlos Nogueira, curador e crítico, além de procurar acompanhar o desenvolvimento das mais recentes tendências cinematográficas, não descura um olhar crítico sobre as questões sociais e políticas atuais.
As três secções – Visões, Perspectivas e Foco -, dão destaque às várias facetas que compõem a produção cinematográfica, desde as novidades mais aguardadas a obras de carácter mais experimental e estreias de jovens cineastas.
Com o objetivo de reforçar a KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã como uma plataforma para o cinema jovem, a edição de 2020 introduz um modelo de encontros informais entre jovens cineastas alemães e portugueses.
Ainda como forma de celebrar e apoiar este cinema emergente, a mostra criou, em 2019, e em parceria com a Oficina Nacional Alemã de Turismo, um Prémio do Público, no qual participam os primeiros filmes exibidos, e que tem este ano a sua segunda edição.
Esta 17.ª edição apresenta também uma sessão para famílias e promove um encontro de programadores com o objetivo de criar um programa itinerante em parceria com promotores locais, chegando assim a um público mais amplo um pouco por todo o país.
A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã é organizada em parceria com as embaixadas da Áustria, Suíça e Luxemburgo.