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UM MÚSICO UM MECENAS | MIGUEL JALÔTO E JOSÉ CARLOS ARAÚJO
Música & Festivais
Museu Nacional da Música, Lisboa
Descrição do Evento
UM MÚSICO UM MECENAS | MIGUEL JALÔTO E JOSÉ CARLOS ARAÚJO – O próximo concerto do ciclo Um Músico, Um Mecenas, no dia 15 de Setembro às 18:00, apresentará dois cravos construídos em Lisboa por dois membros da Família Antunes. No contexto da organologia portuguesa, esta é uma família muito importante, conhecida pelos exímios construtores de cravos e pianofortes que trabalharam em Lisboa durante o século XVIII.
Os dois exemplares, que poderá ouvir, têm um valor inestimável: são os únicos cravos originais portugueses em todo o país e dos poucos que sobreviveram em todo o mundo.
Desta família conhece-se ainda um pianoforte que faz parte da colecção do National Music Museum (NMM) nos Estados Unidos da América e um cravo que até há pouco tempo pertenceu à Finchcocks Collection, na Inglaterra.
O cravo de 1758, de Joaquim José Antunes, é Tesouro Nacional e uma das peças emblemáticas da colecção do Museu Nacional da Música, mas o cravo de 1789, de João Batista Antunes, é praticamente desconhecido, dado que esteve durante muitos anos em reserva, em mau estado de conservação. Recentemente este instrumento foi exposto na entrada do museu, tendo posteriormente sofrido uma cuidada intervenção. Geert Karman, o construtor/ restaurador responsável pelo processo de restauro, considera:
“O móvel do instrumento é visivelmente tosco, mas o som é um dos mais belos que já ouvi, nos muitos museus e colecções que conheço em todo o mundo. A mecânica deste cravo é uma das mais precisas com que já lidei.”
Neste concerto a dois cravos, que serão tocados por Miguel Jalôto (Porto) e José Carlos Araújo • harpsichord & organ (Lisboa), o instrumento musical de 1789 vai então finalmente ser ouvido. E será a primeira vez em muitos anos.
Segundo Ana Paula Tudela, investigadora e autora do estudo sobre a Família Antunes, que será lançado a 22 de Novembro pelo Museu Nacional da Música e Imprensa Nacional – Casa da Moeda, “(…) o instrumento construído em 1789 por João Batista Antunes (1737-1822) e agora restaurado por Geert Karman, já não se ouvia há seguramente 74 anos ou talvez mais, uma vez que foi adquirido para a colecção antiga do museu em 1944 e desde então não voltou ser tocado. Será apresentado ao público lado a lado com o cravo construído em 1758 por Joaquim José Antunes (1733-1801), classificado como tesouro nacional, também ele uma das jóias da Colecção de Lisboa. Ao estudar os percursos e caligrafias dos diversos mestres desta família consegui demonstrar que estes dois instrumentos foram construídos por dois irmãos, filhos de Manuel Antunes (1703-1766), fundador da emblemática oficina portuguesa “Antunes”, cuja excelência é internacionalmente reconhecida. É bonito pensar que os dois instrumentos tocarão juntos provavelmente pela primeira vez.”
A equipa do Museu Nacional da Música agradece o extremo cuidado e sensibilidade das pessoas envolvidas, que fazem com que estes momentos de divulgação e preservação de uma história que a todos pertence sejam possíveis de concretizar.
#EntradaLivre
Miguel Jalôto e José Carlos Araújo • harpsichord & organ apresentam:
Programa
Museu Nacional da Música
Sábado, 15 de Setembro de 2018 – 18.00
APRESENTAÇÃO DO CRAVO DE JOÃO BAPTISTA ANTUNES – 1798
A DUE CEMBALI
Fernando Miguel Jalôto & José Carlos Araújo
Cravos de Joaquim José Antunes – 1758
& João Baptista Antunes – 1798
José António Carlos de Seixas (1704-1742)
*Sonata 1.1: [Allegro] – Adagio – [Minuet]
Luigi Boccherini (1743-1805)
**Quartetto Op.26 n.1: Allegro moderato – Minuetto con moto & trio
José António Carlos de Seixas
*Sinfonia 11.3: Allegro – Adagio – Andantino – Minuet
Antonio Soler (1729-1783)
Concierto III: Andantino – Tempo de Minué
José António Carlos de Seixas
*Sonata Ap.10.1: Allegro – Adagio – Minuet
Luigi Boccherini
**Quartetto Op.26 n.5: Allegretto – Minuetto allegro & trio
José António Carlos de Seixas
*Sonata [Sinfonia] 16.1: Allegro – Adagio staccato – Andantino – Amoroso – [Adagio] staccato – Allegro assai
*Transcrições para 2 cravos de F. M. Jalôto
**Transcrições para 2 cravos de anónimo setecentista
José Carlos Araújo
Apontado como «um dos mais importantes intérpretes portugueses da actualidade» (Jornal de Letras), José Carlos Araújo tem desenvolvido o seu trabalho sobretudo em torno da música para tecla de autores ibéricos do período barroco e, muito particularmente, da obra de Carlos Seixas.
Em Lisboa, estudou instrumentos históricos de tecla, baixo contínuo e interpretação de música antiga. Desde cedo influenciado pelas perspectivas interpretativas reveladas por Cremilde Rosado Fernandes e José Luis González Uriol, a oportunidade de trabalhar, mais tarde, com ambos estes mestres viria a informar de forma acentuada a sua abordagem aos repertórios para instrumentos de tecla do Sul da Europa.
A parte mais importante da actividade artística que mantém consiste em recitais em instrumentos históricos (órgão, cravo, clavicórdio e pianoforte), dedicando-se frequentemente a repertórios pouco explorados dos séculos XVII e XVIII.
Colaborou com o Teatro da Cornucópia, sob a direcção de Luís Miguel Cintra. Tocou com as principais orquestras e agrupamentos de música antiga portugueses, sendo, todavia, com a orquestra barroca Divino Sospiro que tem vindo a trabalhar mais intensamente e com a qual realizou numerosas estreias modernas de obras do séc. XVIII e gravou música sacra de García Fajer e José Joaquim dos Santos para a editora Glossa.
José Carlos Araújo dedicou-se ainda ocasionalmente à música para órgão e cravo de autores do séc. XX, em particular Luiz de Freitas Branco, Armando José Fernandes e Clotilde Rosa, que tocou com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e o Ensemble MPMP.
Gravou para a RTP e para a Antena 2. Em 2004, foram-lhe atribuídos o Primeiro Prémio e o Prémio do Público do concurso Carlos Seixas, pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Inaugurou a colecção discográfica Melographia Portugueza (MPMP) em 2012, com os primeiros CDs da gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas.
Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa, de cujo Centro de Estudos Clássicos é investigador e onde tem vindo a trabalhar na tradução e estudo de autores gregos e latinos. Colabora regularmente em Euphrosyne – Revista de Filologia Clássica.
Actualmente é director da revista Glosas.
Fernando Miguel Jalôto
Fernando Miguel Jalôto completou os diplomas de Bachelor of Music e de Master of Music em Cravo no Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação do Conservatório Real da Haia (Países Baixos) na classe de Jacques Ogg. Frequentou masterclasses com Gustav Leonhardt, Olivier Baumont, Ilton Wjuniski, Laurence Cummings e Ketil Haugsand. Estudou órgão barroco e clavicórdio, e foi bolseiro do Centro Nacional de Cultura. É Mestre em Música pela Universidade de Aveiro com uma dissertação sobre a música de câmara em Portugal na primeira metade do século XVIII e presentemente é Doutorando em Ciências Musicais | Musicologia Histórica na Universidade Nova de Lisboa como Bolseiro da FCT, sob a orientação de Rui Vieira Nery e Cristina Fernandes, investigando a vida e obra do compositor napolitano Antonio Tedeschi e a música na Capela Real de Lisboa. É fundador e director artístico do Ludovice Ensemble, um dos mais activos e prestigiados grupos nacionais de Música Antiga. É membro da Orquestra Barroca Casa da Música e colabora com grupos especializados internacionais tais como Oltremontano (Bélgica), La Galanía, La Colombina e Collegium Musicum Madrid (Espanha). Apresentou¬ se em vários festivais e inúmeros concertos em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido, Noruega, Alemanha, Suíça, Áustria, Polónia, Bulgária, Israel, China e Japão. Toca regularmente com a Orquestra e Coro Gulbenkian (Lisboa) e apresentou¬ se com a Lyra Baroque Orchestra do Minnesota, a Real Escolania de San Lourenço d’El Escorial, a Orquestra da Radiotelevisão Norueguesa, a Camerata Academica Salzburg, a Orquestra de Câmara da Sinfónica da Galiza, a Real Filarmonía da Galiza, e a Orquestra Sinfónica do Porto, entre outras. Foi membro da Académie Baroque Européenne de Ambronay (França) da Academia MUSICA de Neerpelt (Bélgica) e da orquestra barroca Divino Sospiro. Trabalhou já com alguns dos mais notáveis maestros da especialidade como Banchini, Onofri, Hillier, Staier, Parrott, McCreesh, Biondi, Rousset, Koopman, Alessandrini, Pluhar, Christophers, McGegen, Florio e Alarcón, e acompanhou solistas como Kiehr, Podger, Sinkovsky, Minasi, Hantaï, Bernardini, Ghielmi, Grazzi e Coin. Gravou para a Ramée/Outhere com o Ludovice Ensemble, Brilliant Classics (Integral das Suites para Cravo solo de Dieupart), Dynamic (Concerto para cravo em sol menor de Carlos Seixas), Harmonia Mundi France, Glossa Music, Parati e Anima & Corpo, para as rádios portuguesa, alemã e checa, e os canais televisivos Mezzo, Arte e RTP. Apresentou-se no Luxemburgo como solista a convite da Presidência da República, e em Pequim a convite da Embaixada de Portugal. Em 2018 destacam-se recitais de órgão solo na Galiza e em Portugal, e concertos em Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Suíça e Áustria. Regressa ainda a Israel para concertos e master-classes a convite do Ensemble Phoenix.
Morada:
Estação de Metro do Alto dos Moinhos, R. João de Freitas Branco 12, 1500-329 LisboaCoordenadas GPS:
38°44'59.55"N9°10'48.88"W