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OS NEGROS DE JEAN GENET PARA VER NO TEATRO MUNICIPAL DE MATOSINHOS-CONSTANTINO NERY

Jean Genet escreveu que se trata de uma peça “escrita por um branco” e destinada a “um público de brancos”. Os Negros

Jean Genet escreveu que se trata de uma peça “escrita por um branco” e destinada a “um público de brancos”. Os Negros, estreada em 1959, mantém, talvez por isso, a atualidade da sua reflexão (e da sua provocação), conforme poderá ser constatado na quinta-feira, 4 de outubro, às 21h30, no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery.

A versão encenada por Rogério de Carvalho estreia-se em Matosinhos diante do público (branco) do Norte do país, procurando refletir sobre a negritude e contrariar a imagem que o branco tem do negro. Naturalmente militante, mas também tocado pela poesia, o espetáculo conta com um elenco totalmente negro, à imagem do que também sucedera em 2006, aquando de uma anterior incursão de Rogério de Carvalho no texto de Genet, então para o Teatro Nacional de São João.

Como uma peça dentro da peça, Os Negros aborda a questão dos estereótipos étnicos e da sua reversão, constituindo uma reflexão dura em torno do antagonismo que presidiu à luta pelo fim da segregação racial, e que talvez continue a dominar o debate em torno da igualdade de oportunidades. “O horror do espectáculo está em tratá-lo de uma forma irónica, atingindo as fronteiras da paródia”, escreveu o encenador no texto de apresentação de “Os Negros”.

O caráter subversivo do texto de Jean Genet fica evidente, de resto, quando se sabe que o autor aconselhou que, se por um acaso muito estranho for representada para um público de negros, seria necessário, em cada sessão, convidar um branco. “O produtor do espectáculo deverá recebê-lo com a maior solenidade, fazer com que se vista de cerimónia e conduzi-lo ao seu lugar, de preferência na primeira fila da plateia. Os atores irão representar só para ele. E durante todo o espectáculo um projetor incidirá sobre este branco simbólico. E se nenhum branco estiver disposto a isso? Então distribuam à entrada máscaras de brancos ao público negro”, escreveu.

Coprodução do Teatro Griot e do São Luiz Teatro Municipal, o espectáculo estreou-se em Lisboa em outubro de 2017, na Sala Luís Miguel Cintra do Teatro São Luiz. Traduzido por Armando Silva Carvalho, o texto de Genet ganha vida na voz e no corpo de Angelo Torres, Binete Undonque, Daniel Martinho, Gio Lourenço, Júlio Mesquita, Laurinda Chiungue, Matamba Joaquim, Miguel Sermão, Odete Mosso, Orlando Sérgio, Renée Vidal, Sandra Hung e Zia Soares.

Bilhetes: normal, 7,50€; c/desconto, 5€.

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