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SCHUBERT E ÓSCAR DA SILVA PARA UM CREPÚSCULO À BEIRA-MAR

Se há horas particularmente bem-aventuradas

Se há horas particularmente bem-aventuradas, numa festa capaz de satisfazer vários sentidos, será esta para ouvir Schubert e Óscar da Silva no final da tarde de sábado, dia 22 de Setembro, às 18:00, com entrada livre. Sobre os rochedos da Boa Nova, à vista da casa de chá que Álvaro Siza ali imaginou, um dos melhores quartetos de cordas da europa preencherá a melancolia do crepúsculo com música de Franz Schubert e Óscar da Silva. Trocando em miúdos, o Quarteto de Cordas de Matosinhos, prémio Rising Stars da Organização Europeia de Salas de Concerto em 2014, atua na recém-recuperada Capela da Boa Nova, em Leça da Palmeira, num recital integrado na temporada de música clássica de Matosinhos.

O programa do concerto abrirá, de resto, com “Ella… Fantasia para quarteto de cordas”, a peça que Óscar da Silva, falecido precisamente em Leça da Palmeira, apresentou pela primeira vez em Buenos Aires, na Argentina, a 17 de maio de 1926, num concerto promovido pela Asociación Wagneriana de Buenos Aires. Em 1930, durante uma digressão por Espanha a que assistiu o presidente Primo de Rivera, a peça havia de ser francamente elogiada pela crítica de Madrid e Barcelona, que lhe apontou, entre outros predicados, o de, “em determinadas passagens, impor ao auditório uma intensa emoção”.

A segunda parte do recital trará o “Quarteto de cordas nº15, em Sol maior, op. post. 161, D.887”, que Franz Schubert compôs cem anos antes, em 1826, numa altura em que se encontrava doente e sem recursos. Derradeiro quarteto de cordas produzido pelo génio austríaco, a peça apenas foi apresentada após a morte de Schubert. Trata-se de uma obra musicalmente densa e poderosa, que explora as relações e os conflitos harmónicos resultantes da oposição e justaposição dos modos maior e menor, a expansão rítmica das funcionalidades tonais, as interrupções musicais bruscas e o fluir bucólico e emocional dos desenhos rítmicos e melódicos empregues.

Composto por Vítor Vieira (1.º violino), Juan Carlos Maggiorani (2.º violino), Jorge Alves (viola) e Marco Pereira (violoncelo), o Quarteto de Cordas de Matosinhos é presença regular na programação das principais salas de espetáculos de Portugal e da Europa. Criado em 2007 por iniciativa da Câmara Municipal de Matosinhos, o agrupamento desenvolve um importante trabalho de preservação da herança musical portuguesa e europeia, realizando também, nos últimos anos, concertos regulares em igrejas e capelas do concelho, assumindo-se como um instrumento fundamental do objetivo de democratizar a fruição cultural em Matosinhos.

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