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O LADO FEMININO DE UMA COLEÇÃO DE ARTE EM EXPOSIÇÃO EM MATOSINHOS

O lado feminino de uma coleção de arte, que a Câmara Municipal de Matosinhos vem consolidando desde a época de 1950, vai dar origem a um conjunto de três exposições no Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, Matosinhos. O mote é a designação de uma das mais famosas séries expositivas de Helena Almeida, recentemente falecida: em jeito de homenagem àquela que foi uma das mais importantes artistas portuguesas de todos os tempos, o título “Ouve-me, sente-me, vê-me”, dando a conhecer outras tantas perspetivas sobre as mulheres artistas presentes no acervo municipal.

A primeira das exposições, “Sente-me”, vai ser inaugurada no próximo sábado, 10 de novembro, pelas 16 horas, e ficará patente até ao dia 23 de março. Seguir-se-ão, ainda em 2019, “Ouve-me”e, em 2020, “Vê-me”, completando o percurso pelo lado feminino da coleção municipal de artes plásticas e trazendo à luz do dia um conjunto de obras pouco mostradas no decurso das últimas décadas.

A coleção de arte da Câmara Municipal de Matosinhos conta com mais de 200 obras realizadas por artistas femininas. Nesta primeira exposição que lhes é dedicada estarão patentes obras de Aurélia de Souza, Armanda Passos, Stella de Brito e Isabel Sabino (pintura), Irene Vilar e Ana Júlia Dias (escultura), e Olívia Silva (fotografia).

Num tempo profundamente marcado pelos debates em torno das questões de género, as três incursões ao universo feminino no acervo municipal pretendem constituir-se como uma reflexão em torno da secundarização, da desvalorização e do silenciamento das artistas, contribuindo, assim, para a necessária irradicação dos estereótipos preconcebidos sobre aquilo que o género feminino e o género masculino podem ou devem ser, estar, fazer, sentir e criar.

Após a exposição recentemente dedicada às obras de Aurélia de Sousa presentes no acervo municipal, a série “Ouve-me, sente-me, vê-me” permite, deste modo, um novo olhar sobre a importante presença feminina na coleção da autarquia.

“Artistas como Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Filipa César, Aurélia de Souza, Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva, Graça Morais, Maluda, Menez ou Josefa de Óbidos foram capazes de, nas épocas respetivas e de acordo com as circunstâncias existentes, afirmar a qualidade do seu trabalho no panorama nacional e internacional, impondo-se como referências obrigatórias da cultura portuguesa. São, nesse sentido, um exemplo para todas as mulheres”, considera a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, no texto que escreveu para o catálogo da exposição.

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